POR ADRIANA LEISTER

Terapeuta Ocupacional pela Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais, Consultora em Inclusão e Desenvolvimento Infantil com Capacitação em Integração Sensorial pela Universidade Federal de Minas Gerais e Certificação Internacional pela University Of Southern Califórnia

SISTEMA PROPRIOCEPTIVO:

Os receptores sensoriais da propriocepção se localizam nos músculos e tendões. Eles irão detectar informações
sobre a posição e angulação adequada das articulações e o grau de contração dos músculos.

Figura 4 - Sistema proprioceptivo

O Fuso Muscular irá detectar mudanças de tensão no
músculo respondendo ao alongamento ou encurtamento das fibras musculares. O Órgão Tendinoso de Golgi irá detectar a tensão nos tendões e monitorar a força de contração e resistência. Outros receptores nas articulações irão detectar os extremos de ADM (amplitude de movimento) e a movimentação das articulações (rotação e velocidade).

Essas informações nos permitem movimentar sem precisar constantemente olhar o que estamos fazendo, como quando fechamos o zíper de uma calça ou subimos uma escada. Nos dá a dimensão do nosso corpo e dos objetos no espaço, para que possamos nos mover sem trombar ou organizar a materialidade escolar sobre a mesa. Nos auxilia na percepção da orientação de uma articulação em relação a outra, a fim de estabilizá-las para um melhor manejo da tesoura ou do garfo e faca. Nos permite ajustar a melhor preensão ao segurar o lápis e a colocar uma força correta ao usarmos a borracha para não rasgar a folha do caderno. E, ainda, nos auxilia no planejamento motor para participar em brincadeiras com bola e esportes em grupo.

SISTEMA VESTIBULAR


Mais conhecido entre as pessoas como labirinto, localizado no ouvido interno, seus receptores processam informações constantes sobre a gravidade e a movimentação da cabeça em relação ao corpo.

Figura 5 - Sistema vestibular

Os Canais Semicirculares são compostos por três estruturas pareadas em cada ouvido, cada par está em um plano diferente: superior ou anterior, posterior ou inferior, horizontal ou lateral. Estes canais
são preenchidos por endolinfa com células ciliadas que detectam movimentos angulares da cabeça, movimentos rápidos e repentinos. Já os otólitos presentes no sáculo e utrículo detectam movimentos
lineares e a gravidade.

As informações detectadas por este sistema irão contribuir para o controle do tônus postural, do equilíbrio e para o controle da movimentação reflexa dos olhos. Isto nos ajuda com a orientação espacial no ambiente, a manter uma boa postura quando estamos realizando uma atividade de mesa, a retomar o equilíbrio quando subitamente tropeçamos, a manter um campo visual estável ao realizar cópia no quadro, além de influenciar nosso nível de alerta (atenção, desatenção, agitação).
Os sistemas vestibular, proprioceptivo e tátil, nos dão sensações básicas para o desenvolvimento da consciência corporal que vai guiar nossas interações físicas com o ambiente.

DESORDEM DE PROCESSAMENTO SENSORIAL

Na maioria das pessoas, os mecanismos de Integração Sensorial se desenvolvem naturalmente, como resultado das brincadeiras infantis e relações com o ambiente, pessoas e objetos. No entanto, algumas pessoas podem apresentar Disfunção de Integração Sensorial (Ayres, 1971) ou Desordem de Processamento Sensorial (Miller, 2006), com dificuldades em algum ou vários níveis de processamento
sensorial. Estas dificuldades, de acordo com Bodison (2005, 2009, 2014), podem estar relacionadas com problemas de modulação sensorial ou de percepção e integração sensório-motora.
A modulação sensorial envolve a capacidade neurofisiológica do sistema nervoso de ajustar a sua própria atividade, adequando os sinais sensoriais que transmitem informações sobre a intensidade, frequência, duração, complexidade e novidade dos estímulos (Miller e Lane, 2000). Fisiologicamente, está relacionado com o limiar neurológico e com a diferença dos potencias elétricos entre
a membrana dos neurônios, em repouso e após ser estimulada. Em termos comportamentais, significa que a criança não reage de maneira exagerada ou de forma insatisfatória a experiências sensoriais, permanecendo com um nível ótimo de excitação (nem demais, nem de menos) para que o comportamento adaptativo aconteça.
O cérebro recebe aproximadamente sete vezes mais informações do que irá usar (Lynn, 2007), desta forma a criança sempre estará aberta a novas experiências, mas saberá evitar situações potencialmente perigosas ou informações irrelevantes.
Problemas de modulação se referem a crianças que apresentam hiper-resposta ou hiporesposta aos estímulos táteis e vestibulares:
• A hiperresponsividade aos estímulos táteis se expressa pela defensividade tátil, onde a criança tem limiar neurológico baixo e rejeita texturas agradáveis para a maioria dos seus pares, fica incomodada com o que toca sua pele. Na hipor-responsividade tátil ela apresenta alto limiar neurológico e pode não notar estímulos táteis;
• A hiper-responsividade aos estímulos vestibulares se caracteriza também por limiar neurológico baixo e pela presença da insegurança gravitacional (medo desproporcional de movimento e altura) ou aversão ao movimento (reações de náusea, palidez, tontura e sudorese com movimento).

Já na hiporesponsividade vestibular, a criança pode tanto parecer letárgica quanto pode se mexer sem parar. Os problemas de percepção e integração sensório-motora serão expressos nas dificuldades de desordem postural, integração bilateral, discriminação tátil e proprioceptiva inadequada, organização insatisfatória do comportamento e problemas de práxis envolvendo ideação, planejamento e execução motora. Abaixo, segue o quadro de Miller (2006), classificando as desordens de processamento sensorial:

Figura 6 - Classificação dos transtornos de processamento sensorial (Milles. 2006)

Guia T21

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