POR RUBENS WAJNSZTEJN

Doutorado em Ciências da Saúde pela Faculdade de Medicina do ABC. Participante fundador do NEA – Núcleo Especializado em Aprendizagem da FMABC. Mestrado em Distúrbios da Comunicação Humana pela Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina. Especialização em Neurologia Infantil.

CLONIDINA
A clonidina, um agonista alfa2-adrenérgico, que afeta preferencialmente os receptores pré-sinápticos (diminuindo assim a liberação de noradrenalina), foi utilizada em psiquiatria para tratar abstinência de opióide (reduzindo a hiperatividade adrenérgica), episódios maníacos e comportamento agressivo, especialmente em crianças com TDAH, e TOD – transtorno opositor desafiante ou de conduta. Por exemplo, em um ensaio clínico aberto, a clonidina foi eficaz para controlar o comportamento agressivo em um grupo de 17 crianças com comportamento agressivo que se caracterizava pela crueldade com os outros e destruição de propriedade. Um estudo cego de braços paralelos com crianças que sofriam de TDAH associado a transtorno opositor desafiante ou transtorno de conduta, em que a clonidina sozinha, clonidina+metilfenidato ou metilfenidato sozinho foram comparados, demonstrou que a clonidina foi eficaz sozinha ou em combinação com o metilfenidato para controlar a impulsividade e os sintomas de transtorno opositor desafiante e de conduta.
Atualmente, os estudos acerca da eficácia do tratamento medicamentoso das comorbidades e da sintomatologia associada à deficiência intelectual são limitados, de tal forma que torna-se impraticável estabelecer as evidências clínicas de benefício. Uma metanálise sobre oassunto demonstrou eficácia de risperidona e aripiprazol em problemas comportamentais, a curto prazo. O uso prolongado destas medicações, por sua vez, está associado à sonolência, ganho de peso e aumento de prolactina (em até três vezes o valor de referência, com risperidona).
O uso de antiepilépticos como estabilizadores de humor não trouxe evidências de eficácia neste estudo devido a limitações (CENGISIZ, TUGAL e ÖZENLI, 2016).

REABILITAÇÃO
O cérebro imaturo é mais flexível e capaz de transferir funções de áreas danificadas para áreas saudáveis, resultando em perda mínima de função. Entretanto, o cérebro imaturo danificado é menos eficiente em atenção, memória e estratégias de aprendizado para a aquisição de novos conhecimentos. Todos os bebês com microcefalia e/ou atraso no desenvolvimento deverão manter consultas de puericultura nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs). Também deverão ser acompanhados em serviços especializados para estimulação essencial. É necessário estimular as percepções sensoriais, os movimentos e o posicionamento da criança, a coordenação motora, o brincar, a socialização e a cognição. Quanto mais precoce e objetiva for essa intervenção, maior e melhor serão as chances de a criança se desenvolver em suas potencialidades e com menor déficit residual. Do ponto de vista neurológico, o diagnóstico e a orientação são importantes. Se o cuidador consegue um período de fisioterapia, por exemplo, o ideal é que esse profissional ensine como aplicar os exercícios, já que o período de estimulação é muito curto e seria mais adequado que o cuidador fizesse os exercícios com a criança em casa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
AMERICAN PSYCHIATRY ASSOCIATION. Diagnostic and Statistical Manual
of Mental Disorders DSM IV. Fourth edition. Washington: American
Psychiatric Association; 1994.
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Diagnostic and statistical manual
of mental disorders. 5th edition, Arlington, VA: American Psychiatric
Publishing, 2013.
ARAFAT, A. et al. Unexplained Early Infantile Epileptic Encephalopathy
in Han Chinese Children: Next-Generation Sequencing and Phenotype
Enriching. Scientific Reports, v. 7, 2017.
ATTWELL, D. AND IADECOLA, C. “The neural basis of functional brain
imaging signals”. Trends in Neurosciences 25, 621-625 2002.
CENGISIZ, C.; TUĞAL, Ö.; ÖZENLI, Y. Paliperidone palmitate-induced
sialorrhoea. Cukurova Medical Journal, v. 41, p. 8-13, 2016.
DIAMENT, A. & CYPEL S. – Neurologia Infantil Lefèvre, 5ª edição, Livraria
Atheneu – R J – S P, 2010.
DORRN AL, YUAN K, BARKER AJ, SCHREINER CE, FROEMKE RC.
Developmental sensory experience balances cortical excitation and
inhibition. Nature. 2010;465:932–936
KAPLAN & SODOC K – Compêndio de Psiquiatria Dinâmica – 1ª Edição,
Ed. Artes Médicas, Porto Alegre, 1997.
LOGOTHETIS, N.K., PAULS J, AUGATH M, et al. “Neurophysiological
investigation of the basis of the fMRI signal”. Nature 412, 150-157 2001.
RANDAZZO, A. C.; MUEHLBACH, M. J.; SCHWEITZER, P.K.; WALSH, J. K.,
Cognitive function acute sleep restriction in children ages 10 – 14, In:
Sleep, vol 21, n 8, 1998 Dec.
RODRIGUES, M. M. – Tratado de Neurologia Infantil – 1ª ed. – Rio de
Janeiro. Editora Atheneu 2017.
ROMARO RA, CAPITÃO CG. Caracterização da clientela da clínica-escola
de psicologia da Universidade São Francisco. Psicologia: Teoria e
Prática; 5(1): 111-21 2003.
SOTO-ARES, G. Analysis and classification of cerebellar malformations.
American journal of neuroradiology, v. 24, n. 1, p. 153-153, 2003.
WISE, M. ET AL – Assessment of sleep disorders in children. Up to Date
Online, 2016.
WORLD HEALTH ORGANIZATION – International Classification of Diseases
ICD-10: descrições clínicas e diretrizes diagnósticas. Porto Alegre:
Artmed, 1993.
WSHART, H.A., SAYKIN, A.J. E MCALLISTER, T.W. “Functional Magnetic
Resonance Imaging: Emerging Clinical Applications”. Current Psychiatry
Reports 4, 338-345 2002.

Guia T21

Esse texto faz parte do nosso Guia sobre T21 que você pode baixar completo gratuitamente na versão digital.

Saiba mais

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *