POR EMÍLIA GAMA

Assistente Social. Msc. em Ciência da Educação. Especialista em Neuropsicopedagogia, Abordagem
Interdisciplinar em síndrome de Down e Saúde Mental com ênfase em TEA – Transtorno do Espectro
Autismo. Diretora Pedagógica do Instituto de Educação e Pesquisa em Saúde e Inclusão Social.

“Toda criança é capaz de aprender – seu trabalho é descobrir a melhor maneira de ensiná-la”
(Lear, 2004)

 

O ambiente escolar é um espaço de trocas e a escola é uma das principais instituições do mundo contemporâneo. Sua função não se restringe apenas a possibilitar o processo de
ensino/aprendizagem. Como instituição social possui objetivos e metas que vão além desta concepção reducionista. É uma instituição fundamental para evolução do indivíduo, da sociedade e
da própria humanidade. Dentre suas funções estão a promoção do bem-estar social e a formação de sujeitos críticos e politizados, que contribuam para a transformação social.

Private SchoolPartindo desse princípio o ambiente escolar também se torna um espaço para a convivência entre múltiplas singularidades. Alunos com diferentes hábitos culturais, sociais, diferentes necessidades educacionais e formações familiares ocupam o mesmo espaço, o mesmo lugar. Um espaço de aprendizagem e desenvolvimento que deve contemplar experiências singulares nesse processo, considerando tudo como significativo, aspectos cognitivos, afetivos, relacionais, sociais e históricos. Assegurar o direito à educação escolar, com equidade para a entrada e permanência, pela oferta de ensino publico e gratuito de qualidade, em todos os níveis de ensino é um dos maiores desafios da educação atual, mesmo que tais questões já sejam amparadas pela Lei 9.394/90 – que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB).
Justamente por essa configuração plural e diversificada é preciso que o professor conheça as características e necessidades particulares dos seus alunos e esteja preparado, embasado e munido de práticas para lidar com esta realidade, pois ensiná-los demanda o conhecimento sobre estratégias educacionais específicas. Assim, é preciso que práticas educacionais concebidas sob modelos e padrões sejam modificadas a partir das necessidades de cada aluno. Para isso, a escola terá que garantir o desenvolvimento tanto de
recursos humanos quanto de recursos pedagógicos, que promovam a acessibilidade do conhecimento para todos.
A inclusão escolar de alunos com síndrome de Down (T21) é uma das primeiras etapas no processo de inclusão social, que tem na família seu ponto de partida. Essa inclusão deve ir além da inserção, pura e simplesmente, da criança no ambiente escolar. É preciso que haja a adoção de medidas que perpassem desde transformações metodológicas a adaptações curriculares que facilitem a aprendizagem e garantam a esses alunos uma real e efetiva inclusão. Nesse cenário o professor exerce um papel fundamental em todo esse processo. Caberá a ele, munido de capacitação necessária, entre outras funções, a aplicação de medidas adequadas para suprir as necessidades educacionais especiais e a aprendizagem do aluno. Porém o professor não deve estar sozinho. Juntam-se a ele os demais atores que protagonizam o enredo. Assim embora exerçam um papel de destaque na missão de formar crianças com síndrome de Down (T21), a escola e o professor não podem ser vistos como os únicos responsáveis por seu desenvolvimento e aprendizagem. Sociedade, Estado, equipe multiprofissional e, sobretudo, a família, também são alicerces fundamentais na constituição e formação de seres humanos dignos, bem como, na promoção do seu desenvolvimento intelectual e social. Outro ator que exerce papel de destaque nesse processo é a equipe multiprofissional que pode ser composta por médicos de diferentes especialidades, psicólogo, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, nutricionista, educador físico e pedagogo.

Giggly Second Grade Girl With Down Syndrome In School Library by Brian McEntire

Ela vai agir tanto na tentativa de ampliar o repertório comportamental e ensinar habilidades que facilitarão a aprendizagem, o desenvolvimento e a vida da criança em diferentes aspectos, como por exemplo:
imitar, seguir instruções, sentar, manter contato visual, brincar, manter o equilíbrio corporal, reconhecer objetos, tomar banho, usar o toalete, habilidades sociais, falar, ler e escrever; quanto na minimização dos problemas de saúde inerentes à própria síndrome.
Sob a égide do Estado estão as políticas públicas de inclusão social e escolar, a garantia de direitos previstos em leis, a educação pública de qualidade e a garantia de assistência médica.

Assim a família, a escola, a equipe multiprofissional e o Estado são como elos de uma mesma corrente, exercendo papeis complementares e fundamentais para o desenvolvimento da pessoa com síndrome de Down (T21).
O processo de ensino-aprendizagem é complexo. No que concerne ao processo de ensino-aprendizagem de crianças com síndrome de Down (T21) somam-se a essa complexidade as dificuldades naturais na aquisição da aprendizagem inerentes à própria síndrome. Por isso, é de fundamental importância que o educador conheça as características desse processo para adequá-las às necessidades particulares desse aluno e de sua maneira de aprender.

Continua…

Guia T21

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