POR ADRIANA LIMA DE JESUS

Pós Graduada em Síndrome de Down – CEPEC. Especialização em Atualização Profissional para o Cuidado da Síndrome
de Down – USP. Pós Graduação em Abordagem Interdisciplinar em Síndrome de Down – IEPSIS. Mestranda em Gestão em
Saúde – UFMG. Pós Graduanda em Dermatofuncional – Faculdade Nepuga.

DISTÚRBIOS MUSCULOESQUELÉTICOS EM T21

1 – Coluna Vertebral
Instabilidade Atlanto Axial – A frouxidão ligamentar na T21 provoca instabilidade do movimento vertebral no sistema atlanto-axial junção. O occipício, o atlas (C1) e o eixo (C2) formam normalmente
uma unidade funcional que assegura um alto grau de mobilidade da coluna cervical superior, proporcionando a manutenção das estruturas corretamente em seu lugar. Em indivíduos com T21 a excessiva
frouxidão do ligamento transverso posterior que liga o osso odontóide a C1 parece ser a causa mais comum de subluxação atlanto-axial, embora não haja acordo universal sobre este ponto. Além disso, hipoplasia C-1 e estenose do canal vertebral oculta têm sido associados ao aumento do risco de mielopatia cervical compressiva em indivíduos com o T21, essa é a principal condição associada à coluna vertebral na T21 a instabilidade atlantoaxial.
De acordo com as Diretrizes de Atenção à Pessoa com Síndrome de Down (T21), todas as crianças com a trissomia devem fazer uma radiografia da coluna cervical aos três e aos dez anos para checar
a existência de instabilidade atlanto-axial. O raio-X deve ser solicitado por um médico e realizado em posição neutra. Se o resultado do exame for alterado, a indicação é prosseguir para uma ressonância
magnética do pescoço. Se o resultado for normal, pode ser feita uma radiografia dinâmica da coluna.
Para crianças com sintomas de IAA, o raio-X e encaminhamento ao especialista é muito importante. Para as crianças sem sintomas, a recomendação das Diretrizes de Atenção à Pessoa com Síndrome
de Down (T21) é que toda criança com a trissomia faça uma radiografia da coluna cervical aos três e aos dez anos de idade. Já a Academia Americana de Pediatria não recomenda a realização do raio-X para
as crianças sem sintomas. Escoliose – Cerca de 50% de pessoas com síndrome de Down (T21) apresentam escoliose, que é um desvio da coluna. Quando a escoliose é diagnosticada por um profissional de saúde, a pessoa deve ser encaminhada para um especialista, para avaliação e tratamento. O especialista pode recomendar desde exames radiológicos regulares para acompanhar a progressão da curva, o uso de órteses (coletes externos) corretivas para evitar a progressão até formas mais graves ou ainda, se necessário, a correção cirúrgica destas curvas, em casos em que a condição
possa interferir com a capacidade de respiração pela deformidade do tórax e diminuição do espaço para os pulmões.

2 – Quadril
Cerca de 5% a 8% dos indivíduos com síndrome de Down (T21) apresentam alterações do quadril, que é uma anormalidade do desenvolvimento da articulação do quadril na qual a cápsula, o fêmur proximal e o acetábulo (estrutura óssea existente no quadril que se articula com a cabeça do fêmur) podem apresentar alterações. A Displasia do Desenvolvimento é a condição mais comum, acontece um deslocamento do quadril, que também é chamado de luxação, nessa condição, a cabeça do osso da coxa (o fêmur) se move para fora do encaixe formado pela pélvis (o acetábulo). Essa luxação pode ou não estar associada à malformação do acetábulo. A luxação parece ser devido a uma combinação de frouxidão do tecido conjuntivo que normalmente mantém o quadril junto com o baixo tônus muscular encontrado na T21. Na sub-luxação ocorre a perda parcial do contato articular.

Curiosamente, a subluxação e a luxação do quadril em crianças com T21 raramente é encontrada no nascimento, mas é mais comum entre as idades de 2 e 10 anos. O sinal mais comum é a claudicação, e
a dor pode ou não estar presente. Tratamento geralmente começa com a imobilização do quadril com um gesso. Muitas crianças com síndrome de Down (T21) precisarão de correção cirúrgica, no entanto.
Epifisiólise – A epífise femoral de capital escorregada (também chamada de “epifisiólise”) pode ser observada em pessoas com T21 com menos frequência.
Nesta condição, a cabeça arredondada do fêmur desliza no colo do fêmur. Essa condição pode estar associada à obesidade e ao hipotireoidismo, ambos comuns em adolescentes com T21. Ela aparece
como uma claudicação com dor associada no quadril ou no joelho (as condições do quadril geralmente causam dor no joelho em vez de dor no quadril) e é tratada pela colocação cirúrgica de parafusos
no fêmur.


3 – Joelho
A instabilidade patelar foi estimada em cerca de 20 por cento das pessoas com T21. A maioria dos casos de instabilidade apresenta-se apenas como patelas que podem ser deslocadas para o exterior
do que seria uma patela normal (subluxação); no entanto, algumas pessoas podem ter patelas completamente fora de posição (deslocamento), e algumas podem até ter dificuldade em colocá-las de
volta na posição correta. Subluxação leve da patela não está associada à dor, mas a luxação pode ser dolorosa. Enquanto pessoas com instabilidade da patela são capazes de andar, geralmente há uma
diminuição na amplitude de movimento do joelho, com uma mudança de acompanhamento na marcha.
Quanto mais tempo não se fizer nada pela instabilidade, pior será a condição ao longo do tempo. Órteses (aparelhos especiais) podem ser úteis para casos leves, mas casos graves requerem correção cirúrgica.

4 – Pé
Pé plano, também chamado de pés planus, é visto na grande maioria das pessoas com T21. Em casos leves, o calcanhar está em uma posição neutra. Em casos graves, o calcanhar gira de modo que
a pessoa esteja andando no lado de dentro do calcanhar. Os pés chatos resultam em pesados calos dos pés, apontando para a parte anterior dos pés afastados um do outro (o oposto de ser “de pombo”),
e até mesmo a criação de esporões nos ossos, essas alterações surgem devido à hipotonia e a frouxidão ligamentar, fatores que contribuem para mobilidade excessiva das articulações, isso significa
que os ossos dos pés não estão devidamente estabilizados e alinhados para a pessoa conseguir ficar de pé e caminhar adequadamente O pé plano é aquele com ausência ou diminuição do arco medial plantar, mais conhecido como a curva do pé. O grau do pé plano varia de pessoa para pessoa. Se permanecer sem tratamento, a criança pode desenvolver uma maior deformidade das articulações.
O uso contínuo desse padrão de postura inadequada ao ficar de pé e caminhar pode provocar dor.
Metatarsus primus varus também é comumente visto em pessoas com T21, e é a condição na qual a parte frontal do pé atrás do Halux se inclina para dentro. Isso cria uma deformidade óbvia do pé, fazendo
com que a tarefa de encontrar sapatos que se encaixam seja mais difícil. Se a condição existir por tempo suficiente, uma irritação dolorosa chamada um joanete aparece no local onde o pé se inclina
mais. Casos leves ou precoces do varismo podem ser tratados com órteses ou calçados especiais, mas casos graves requerem correção cirúrgica.


CONCLUSÃO
A intervenção fisioterapêutica na T21 interfere de maneira positiva não só sobre o desempenho motor, mas no desenvolvimento perceptocognitivo e na socialização da criança diante das dificuldades neuroanatômicas encontradas. O início precoce de um programa de atividades terapêuticas direcionadas às necessidades da pessoa com T21 se faz necessário, mas o atendimento fisioterapêutico vai
além disso, ao longo de toda sua vida deve ser preconizado um atendimento integral, de maneira integrada, baseado sempre apoiado na prática baseada em vidências, primordial para potencializar o desenvolvimento sensório-motor de crianças com essa síndrome.

Guia T21

Esse texto faz parte do nosso Guia sobre T21 que você pode baixar completo gratuitamente na versão digital.

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